TUDO SOBRE BEBES

O Efeito vulcânico: por que sono inadequado durante o dia (falta de sonecas ou sonecas curtas) resulta em extrema irritação e luta contra o sono?

Conheça a fisiologia do sono dos bebês e entenda porque às vezes você erra pensando que está acertando.

Sono é uma necessidade básica da existência humana. Sono adequado é necessário para que bebês descansem, se desenvolvam e para que os hormônios do crescimento atuem e suas necessidades dependem de idade e maturidade. Na primeira infância, os padrões e características do sono são diferentes dos adultos. Vamos discutir um pouco da fisiologia do sono de bebês a partir dos seguintes princípios (1, 2):
1. Como adultos dormem: adultos adormecem e entram primeiro em sono profundo "não-REM" (REM da sigla em inglês para “movimentos rápidos dos olhos”), no qual a respiração é superficial e regular e os músculos estão relaxados. Cerca de 1 hora e meia depois, se passa para o sono leve ou ativo (sono REM), no qual os olhos se movem sob as pálpebras enquanto o cérebro se “exercita”: sonhamos e nos movimentamos, podemos até ir ao banheiro e não lembrar de nada. Esses ciclos de sono leve e profundo continuam se alternando a cada 2 horas, em média, ao longo da noite. Resultado: dormimos cerca de seis horas de sono tranquilo e duas horas de sono ativo.
2. Como bebês adormecem: bebês não têm maturidade para adormecerem sozinhos, sem ajuda, e precisam dos pais para isso (embora alguns bebês aceitem ser postos sonolentos no berço). Precisam de um ritual de sono repetitivo, que inclui contato corporal, como embalo, amamentação ou outro. Seus olhos se fecham, sua respiração fica irregular e ele pode se assustar, contrair os músculos e sorrir rapidamente, o chamado "sorriso do sono", e pode continuar a sugar com a boca tremendo. Então, você tenta transferi-lo para o berço e ele acorda imediatamente! Isso acontece porque ele não estava completamente adormecido e, sim, ainda no estágio de sono leve. Tente fazer todo o ritual acima, mas espere mais tempo (cerca de 20 minutos) até que entre em sono profundo: pare de sorrir, a respiração se torne regular e superficial e os músculos relaxem (punhos se abrem e braços e pernas ficam “pendurados”).
Portanto: adultos geralmente vão direto para o estágio de sono profundo, enquanto que bebês começam no estágio de sono leve.
3. Bebês têm ciclos de sono mais curtos que adultos: cerca de uma hora depois de adormecer, o bebê volta à fase de sono leve: começa a se movimentar, parece que vai sorrir, sua respiração torna-se irregular. Essa transição entre sono profundo e sono leve é um período vulnerável a despertares. Muitos bebês acordarão, então, se houver algum estímulo desconfortável ou irritante (fome, sede, barulhos e outros). Se ele não acordar, permanecerá em sono leve durante os próximos 10 minutos e retornará novamente para o sono profundo. Enquanto que os ciclos de sono dos adultos (passagem de sono leve para profundo e depois de volta ao sono leve) duram em média 90 minutos, os ciclos de sono dos bebês são mais curtos, têm de 50 a 60 minutos. Isto significa que os períodos vulneráveis para acordarem à noite acontecem a cada hora, em média. Nesse período vulnerável, você pode colocar uma mão carinhosa em suas costas ou permanecer ao seu lado se ele estiver na sua cama para ajudá-lo a superar esse período de sono leve sem acordar. Concluindo: alguns bebês precisam de ajuda para adormecerem novamente no período vulnerável a despertares entre os ciclos de sono.
4. Bebês não dormem tão profundamente quanto você: ou seja, bebês levam mais tempo para adormecer e têm mais períodos vulneráveis para acordar (cerca do dobro dos adultos). Isso parece injusto com os pais cansados depois de um longo dia cuidando deles. Entretanto, veja o próximo item e entenderá que essas acordadas mais frequentes existem por uma razão vital e que manipular o ritmo natural de sono do bebê pode não ser de seu melhor interesse (então pense bem antes de adotar métodos de "treinamento de sono" com técnicas e apetrechos).
5. Acordar durante a noite traz benefícios à sobrevivência: no início da vida do bebê suas necessidades estão no limite máximo, mas sua habilidade de comunicá-las é mínima. Vamos supor que um bebê dormisse profundamente a maior parte da noite, isso significa que algumas necessidades básicas não seriam supridas. Seus estômagos são diminutos e mamadas frequentes e em livre demanda são as únicas formas de atender todas as suas necessidades nutritivas e emocionais. Além disso, o leite materno é digerido com rapidez. Se a fome não fizesse o bebê acordar facilmente, isso seria um risco para sua sobrevivência. Da mesma forma, se uma dificuldade respiratória ou um ambiente frio não acordassem o bebê e ele não pudesse comunicar tais necessidades, sua sobrevivência estaria em jogo. Bebês, então, têm mais períodos vulneráveis ao sono, acordam mais, demoram mais para dormir. Parece até injusto, mas assim foram programados e há pesquisas que comprovam que o sono ativo os protege (3). Então, encorajar um bebê a dormir profundamente demais, cedo demais, pode não servir ao melhor interesse de sua sobrevivência e seu desenvolvimento.
6. Acordar durante a noite tem seus benefícios em termos de desenvolvimento: pesquisas mostram que o sono leve ajuda o cérebro a desenvolver-se (4), pois o fluxo sanguíneo até o cérebro quase dobra durante o sono REM (aumento mais evidente na área do cérebro que controla automaticamente a respiração). Durante o sono REM, o organismo trabalha na produção neurológica e acredita-se que o cérebro usa esse período para processar informações adquiridas durante o dia. No estágio de sono leve, os centros mais elevados do cérebro permanecem operando, mas durante o sono profundo esses centros são desligados e o bebê é mantido através dos centros inferiores do seu cérebro. É possível que durante o estágio de crescimento rápido do cérebro (o cérebro dos bebês cresce até cerca de 70% do volume adulto durante os primeiros dois anos), o cérebro precise continuar funcionando durante o sono para desenvolver-se. É interessante notar que prematuros passam ainda mais tempo do seu sono (aproximadamente 90%)  em REM, talvez para acelerar o crescimento cerebral (5). Então, o período da vida que humanos dormem mais e o seu cérebro se desenvolve mais é quando têm o sono mais ativo.
7. À medida que crescem, os bebês atingem a maturidade do sono: Tudo bem, já entendemos isso, mas a pergunta que não quer calar é: quando, afinal, meu bebê dormirá a noite toda? A verdade é que essa idade varia enormemente entre os bebês. Nos primeiros 3 meses de vida, bebezinhos raramente dormem por mais que 4 horas seguidas sem precisarem de uma mamada. Mesmo assim, eles dormem um total de 14-18 horas por dia. Entre 3 e 6 meses de idade, a maioria fica acordada por períodos maiores durante o dia e alguns podem até dormir por 5 horas seguidas durante a noite (e isso é chamado ‘dormir a noite toda’ para um bebê). Tenha em mente que outros pais geralmente exageram quanto ao padrão de sono de seus bebês, como se isso fosse um distintivo de "boa maternagem", quando, na verdade, não é.
8. Bebês ainda acordam conforme vão se desenvolvendo: apesar de atingirem uma maturidade de sono até o final do primeiro ano, muitos ainda acordam por vários motivos, tantos físicos como psicológicos. Acontecimentos importantes no desenvolvimento, como sentar, engatinhar, caminhar, levam os bebês a "praticarem" suas novas habilidades enquanto dormem. Então, entre um e dois anos de idade, quando o bebê começa a dormir durante os estímulos para acordar acima mencionados, outras causas levam-no a acordar durante a noite, como ansiedade de separação e pesadelos. Para revisar com detalhes as fases de crescimento e desenvolvimento que interferem no sono do bebê veja o artigo sobre o tema (6). Finalmente, outro fator que pode fazer uma diferença na qualidade de sono é sua alimentação. Para maiores informações, ler o artigo “Comer bem para dormir bem” (7).
Agora que já sabemos essas lições essenciais do sono de bebês, vamos discutir a influência do sono diurno (sonecas) no sono noturno. Conforme a criança cresce e ganha maturidade, a quantidade de tempo que consegue ficar acordada e feliz aumenta. Assim, um bebê recém nascido só consegue ficar acordado de 1 a 2 horas antes que o cansaço se instale, enquanto que uma criança de 2 anos consegue durar até 7 horas acordada antes de precisar de uma soneca. Mas apenas após os 4 ou 5 anos de idade (as vezes mais) a criança consegue passar o dia todo sem sonecas e feliz, conforme a tabela e figuras abaixo.
Idade e tempo médio que crianças aguentam acordadas e felizes entre sonecas
Recém nascido 1 - 2 horas
6 meses 2 - 3 horas
12 meses 3 - 4 horas
18 meses 4 - 6 horas
2 anos 5 - 7 horas
3 anos 6 - 8 horas
4 anos 6 - 12 horas
Gráfico de Horas de Sono e Sonecas por idade
Tabela e Figura 1. Tempo médio necessário de sono noturno e diurno, por idade. Como se tratam de médias, variações são comuns e esperadas.
Então, imagine que pela manhã a criança acorda totalmente restaurada, cheia de energia, mas que conforme as horas passam, aos poucos, os benefícios do sono da noite passada são esgotados e ela precisa dormir novamente. Quando entendemos isso e não deixamos a criança ficar muito tempo acordada (“passar do ponto”, como costumamos dizer), e a colocamos para tirar uma soneca assim que percebermos sinais de sonolência, fortalecemos os benefícios do seu reservatório de sono, permitindo que ela ‘recomece’ o dia cheia de energia após cada período dormindo.
Por outro lado, quando não percebemos os sinais de sono (bocejar, esfregar olhos, perder interesse no ambiente, olhar parado, como “hipnotizado”, chorar, puxar cabelos e orelhas, algumas vezes até gritar), e não as ajudamos a adormecer quando os primeiros sinais aparecem (fazendo um ritual de soneca simples, porém repetitivo, com ambiente apropriado: escuro e com sons estáticos ao fundo), ou quando as “forçamos” a ficarem acordadas além de suas necessidades biológicas sem uma soneca, elas ficam exaustas, chorosas e infelizes.
Conforme os números acima, bebês novinhos aguentam um breve espaço de tempo acordados e a pressão do sono já chega, apenas entre 1-3 horas depois de despertos. Por isso é que recém nascidos dormem várias sonecas ao dia e bebês novos requerem 2-4 sonecas diárias. Conforme o tempo, os ciclos de sono do bebê ganham uma maturidade e eles são capazes de ficar acordados mais tempo entre sonecas.
Vale à pena reforçar também que, para serem restauradoras, as sonecas devem durar 1 hora no mínimo (para completarem as fases do ciclo de sono). Isso a partir de 3-4 meses, pois antes disso o padrão de sono é muito imaturo. Além disso, recém nascidos geralmente dormem em ambientes barulhentos e com atividades ao redor, mas conforme crescem, ambientes barulhentos e claros são distrações que interferem na habilidade do bebê adormecer.
Aliás, pesquisas sugerem que até adultos se beneficiariam de uma soneca no meio do dia ou pelo menos uma pausa para descansar (8).
Então o que é esse tal de ‘efeito vulcânico’?
Conforme o dia passa e a pressão do sono se instala, a criança fica mais irritada, chorosa e menos flexível, tem menos paciência, perde a concentração e habilidade de aprender e absorver novas informações.  O termo científico para esse processo é "pressão de sono homeostática". Elizabeth Pantley, em um de seus livros especificamente sobre sonecas (9) chama esse fenômeno de ”efeito vulcânico”, que é o que adotamos também. Todos já vimos esses efeitos em bebês ou crianças. É tão claro como assistir um vulcão entrar em erupção. Observamos uma criança chorosa e irritada e pensamos: "É sono, precisa de uma soneca!"
Sem o descanso da soneca a pressão homeostática continua se acumulando até o final do dia, crescendo e se intensificando, como um vulcão, até que a criança estará completamente exausta, elétrica e incapaz de parar a explosão. O resultado é uma batalha intensa na hora de dormir com uma criança exausta, ranzinza ou um bebê que não consegue adormecer, não importando o quão cansado esteja!
Isso acontece por que o cortisol, hormônio que sinaliza a vigília, é liberado em quantidades maiores quando a pressão do sono se instala e o descanso não ocorre. Cortisol também é o ‘hormônio do estresse’ que é liberado quando o bebê ou a criança chora (secretado em quantidades potencialmente danosas ao cérebro quando o choro não é consolado e prolongado) (10-15). Cortisol antagoniza os efeitos da serotonina e melatonina, substâncias responsáveis pelo sono. Ou seja, quanto mais tempo acordada, mais cortisol em seu corpinho, mais choro de irritação, que libera mais cortisol ainda, e mais dificuldades de dormir, além de poder acordar muito cedo também pela manhã no dia seguinte.
Apesar de parecer paradoxal aos olhos de um adulto, isso explica porque a criança muito exausta, ao invés de adormecer facilmente, luta contra o sono (figura 2).
Progressão do efeito vulcânico no organismo.
Figura 2. Progressão do efeito vulcânico no organismo.
Pior ainda, uma criança que perde sonecas dia após dia acumula privação de sono que a põe no estágio do “vulcão em erupção” mais e mais rápida e facilmente. E pior ainda é se ela está perdendo sonecas e também não tem uma boa qualidade ou quantidade de sono noturno!
Vale lembrar que o efeito vulcânico não acontece só em crianças, mas afeta adultos também, por isso nos vemos ranzinzas e irritados no final de um longo dia e quando as crianças estão irritadas e sonolentas o resultado é uma fileira inteira de vulcões explodindo!
A pressão de sono pode ser intensificada por problemas do ambiente como: noite de sono passada ruim (déficit de sono prévio), estresses diários, mudança na rotina, visitantes, dentes nascendo, doenças e outros. Mais ainda, o estado de espírito de cada pessoa afeta os outros, causando um mau humor contagioso, especialmente em bebês, que são muito especialmente sensíveis ao nosso estado de espírito.
O conceito do vulcão traz ainda outra observação importante: sonecas de qualidade podem compensar por sono noturno perdido, mas tempo extra de sono noturno NÃO compensa sonecas perdidas (devido ao conceito de pressão de sono homeostático). Portanto, não importa se a criança dormiu bem à noite ou não, suas sonecas diárias são importantíssimas para liberar a pressão de sono em ascensão.
O que fazer para sair desse ciclo vicioso?
Algumas mães relatam que passam o dia todo tentando fazer seu bebê dormir, e muitas vezes isso acontece porque desconhecem o tempo médio que aguentam permanecer acordados fisiologicamente. Então eles “passam do ponto” ou entram em efeito vulcânico frequentemente. Deixam os bebês acordados até tarde da noite, não permitem que tirem sonecas por acreditarem que dormiriam melhor a noite (quando, na verdade, é o oposto), ou tiram sonecas rápidas, de meia hora ou menos, que não completam as fases do ciclo de sono e não são restauradoras. É um ciclo vicioso, uma bola de neve que se inicia logo pela manhã: quanto menos sono nos momentos apropriados, mais dificuldades para os sonos a seguir.
Então, a melhor estratégia para lidar com isso é prevenir que o efeito vulcânico se instale. Em primeiro lugar, investindo na qualidade das sonecas e ajudando o bebê a tirar sonecas restauradoras. Pode-se fazer isso da maneira mais eficiente que a mãe encontrar de adormecer o bebê, e não se esquecendo de proporcionar um ambiente apropriado ao sono (como já dito acima, um ambiente escuro e com sons estáticos ao fundo é o ideal). Sons estáticos são sons repetitivos e que conduzem ao sono, os quais o bebê já está acostumado a ouvir no útero materno, como, por exemplos: som do mar, chuva, oceano, ar condicionado, ventilador, secador de cabelo, rádio fora de sintonia e outros. Uma dica: grave um CD com este tipo de som e toque durante toda a duração da soneca e a noite toda também. Até nós adultos nos beneficiamos disso. Quem não dorme bem quando chove lá fora ou tira uma bela soneca numa rede a beira-mar?
Se for preciso esticar as sonecas colocando o bebê para dormir novamente no meio da soneca, faça-o, pois esse é um aprendizado que o bebê não faz sozinho, ele depende da nossa ajuda. Se o bebê dormir melhor no seu colo ou mamando ou precisar ser embalado novamente, que seja. É importante evitar a progressão do efeito vulcânico e um bebê exausto precisa mais do que nunca de ajuda para adormecer. Novamente, um ritual de sono noturno condutivo ao sono também é importante e é benéfico que as crianças durmam cedo, pois têm tendência a acordar cedo.
A espécie humana é uma das que nascem mais precocemente no reino animal, até entre os primatas. Isso porque o "preço" da nossa inteligência, o cérebro enorme (que foi evoluindo por milhões de anos), não poderia terminar de se desenvolver no útero da mãe ou o parto não seria possível, em conjunção com outro fator evolutivo: nos levantamos e andamos, somos bípedes. Fato é que bebês nasceram neurologicamente inacabados! São dependentes e precisam de nossa ajuda, toque, carinho, atenção, ser atendidos quando choram, receber colo, ajuda para dormir quando precisam.
Em outras palavras, o bebê sente um mal estar, mas não sabe identificar a causa, não entende que é sono, não sabe como resolver esse problema (ou seja, dormindo), não sabe como pegar no sono, e só tem a linguagem do choro para comunicar suas necessidades (físicas e emocionais).
Para concluir: uma rotina com sonecas estáveis e restauradoras é muito importante, com um ritual de sono noturno que conduza ao sono. O que mais importa, então, é o intervalo entre sonecas e não o horário propriamente dito (lembrando que o intervalo que aguentam acordados vai aumentando conforme sua maturidade).
Referências bibliográficas:
1- The Baby Sleep Book: The Complete Guide to a Good Night's Rest for the Whole Family (Sears Parenting Library), Little, Brown and Company; 1st edition, 2005.
2- All night long: understanding the world of infant sleep. Porter L. Breastfeed Rev. 2007 Nov;15(3):11-5. Review.
3- Infant growth in length follows prolonged sleep and increased naps. Lampl M, Johnson ML.Sleep. 2011 May 1;34(5):641-50. PMID: 21532958.
4- Sleep-related changes in the regulation of cerebral blood flow in newborn lambs. Silvani A, Bojic T, Franzini C, Lenzi P, Walker AM, Grant DA, Wild J, Zoccoli G.Sleep. 2004 Feb 1;27(1):36-41. PMID:14998235.
5- Development of fetal and neonatal sleep and circadian rhythms. Mirmiran M, Maas YG, Ariagno RL. Sleep Med Rev. 2003 Aug;7(4):321-34. Review. PMID:14505599.
6- Mortensen, M. Fases de crescimento e desenvolvimento que modificam o sono do bebê e da criança. Guia do bebê, 2011.
http://guiadobebe.uol.com.br/fases-de-crescimento-e-desenvolvimento-que-modificam-o-sono-do-bebe-e-da-crianca/
7- Mortensen, A. Comer bem para dormir bem. Guia do bebê, 2011.
 http://guiadobebe.uol.com.br/comer-bem-para-dormir-bem/
8- A daytime nap containing solely non-REM sleep enhances declarative but not procedural memory. Tucker MA, Hirota Y, Wamsley EJ, Lau H, Chaklader A, Fishbein W. Neurobiol Learn Mem. 2006 Sep;86(2):241-7. Epub 2006 May 2. PMID: 16647282
9- Elizabeth Pantley, ‘The No-Cry Nap Solution: Guaranteed Gentle Ways to Solve All Your Naptime Problems’. McGraw-Hill; 1 edition (December 2, 2008).
10- France KG.  Behavior characteristics and security in sleep-disturbed infants treated with extinction.  Journal of Pediatric Psychology 1992; 17: 467-475.
11- White BP, Gunnar MR, Larson MC, Donzella B, Barr RG.  Behavioral and physiological responsivity, sleep, and patterns of daily cortisol production in infants with and without colic.  Child Development 2000; 71: 862-877.
12- de Weerth C, Zijl RH, Buitelaar JK. Development of cortisol circadian rhythm in infancy. Early Human Development 2003; 7: 39-52.
13- Goldberg S, Levitan R, Leung E, Masellis M, Basile VS, Nemeroff CB, Atkinson L.  Cortison concentrations in 12- to 18-month-old infants: stability over time, location, and stressor.  Biological Psychiatry 2003; 54: 719-726.
14- Lupien SJ, McEwan BS, Gunnar MR, Heim C.  Effects of stress throughout the lifespan on the brain, behavior, and cognition.  Nature Reviews 2009; 10: 434-445.
15- Gunnar, M. R. Social regulation of stress in early childhood. In K. McCartney & D. Phillips (Eds.), Blackwell Handbook of Early Childhood Development (pp. 106-125). 2006. Malden: Blackwell Publishing.
Dra. Andréia C. K. Mortensen - Colunista do Guia do Bebê
Dra. Andréia C. K. Mortensen
Neurocientista
Fonte:Guiadobebe.uol.com.br


Alimentação inadequada pode prejudicar desenvolvimento

Alimentação inadequada pode prejudicar desenvolvimento das crianças na escola e em atividades do dia-a-dia

Nutrólogo do Hospital do Coração defende que é importante iniciar a formação de hábitos alimentares assim que as crianças são apresentadas aos alimentos, ou seja, quando abandonam o leite materno
Quando o assunto é alimentação a preocupação dos pais é constante. Saber se os filhos consomem todos os nutrientes, proteínas, vitaminas de forma adequada e equilibrada é fundamental, independente da idade da criança. De acordo com dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a desnutrição infantil no país diminuiu nos últimos 30 anos, porém, o número ainda é alarmante. Cerca de 1,89 milhão de crianças menores de 10 anos sofrem com a desnutrição.
O fato das crianças ficarem muito tempo na escola, ou fora dela, pode desencadear uma série de inquietações por parte dos pais. Nesse período é fundamental atentar-se para a alimentação adequada, pois a carência nutricional nessa fase pode prejudicar o bom andamento dos pequenos na escola e nas atividades normais do dia-a-dia, causando desânimo e demais doenças como obesidade e anemia.
"Desnutrição e obesidade podem parecer que estão em sentido oposto, no entanto, obesidade é um tipo de desnutrição. As pessoas confundem obesidade com saúde, quando, na verdade o obeso pode estar muito mais doente que o desnutrido. Obesidade causa doença cardiovascular, diabetes, problemas de coluna e muitas outras doenças graves", explica o Dr. Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do HCor.
Cabe aos pais elaborar um cardápio rico em nutrientes com alimentos saudáveis e refeições em horas certas e sem exageros. É importante iniciar a formação de hábitos alimentares assim que as crianças são apresentadas aos alimentos, ou seja, assim que abandona o leite materno.
"Altere o cardápio a cada refeição, mas não apresente todas as novidades de alimentos de uma só vez. Varie a seleção de carboidratos, que dá a energia para as crianças nas atividades diárias, as proteínas, que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento dos pequenos e os alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais, responsáveis pela manutenção e o bom funcionamento do corpo", alerta Magnoni.
Todos os alimentos têm igual peso, ou seja, não há alimento mais importante que o outro nessa fase. O ideal é montar uma pirâmide de alimentos e abrir algumas exceções ao longo da semana. "Escolha um dia da semana para a criança se divertir nas guloseimas, mas sem exagero, pois com o excesso de doces e frituras com o tempo ela pode apresentar doenças como obesidade", salienta o nutrólogo.
Sempre que possível introduza o azeite na alimentação das crianças, pois é um alimento funcional natural, com alto teor de gordura monoinsaturada o que aumenta o colesterol bom (HDL).
"Ao consumir o azeite extra virgem, estamos ingerindo 77% de gordura monoinsaturada, 14% de saturadas e 9% de polinsaturadas, o que torna o óleo mais saudável em relação aos outros. De forma semelhante reduza ao máximo o consumo de açúcar, pães e doces, causadores de obesidade. Aumente bastante a carga de atividade física, seja esporte, ginástica ou outras atividades recreativas, finaliza o Dr. Daniel Magnoni.

Dicas
A dica do nutrológo é que os pais abusem da criatividade e introduza aos pratos infantis alimentos coloridos para chamar a atenção das crianças. Uma sugestão é decorar as refeições, para atraí-las. Abaixo algumas propostas que podem seduzir os olhos e fazer muito bem ao corpo na fase do desenvolvimento.
- Preferir carnes magras à vermelhas;
- Insira ao café da manhã iogurte, fibras - para auxiliar na digestão, e frutas;
- Substitua sobremesas calóricas e com muito açúcar, por frutas decoradas, ou gelatinas;
- Evite os refrigerantes, prefira os sucos naturais;
- Escolha um dia da semana para liberar as guloseimas;
- Não insista para que a criança coma, ela procurará o alimento oferecido quando sentir fome;
- Varie o cardápio, mas administre bem as novidades;
- Seguir uma ordem de horário para as refeições e os lanches intermediários;
- Usar a criatividade ao preparar os pratos, abuse dos legumes, para ter um prato colorido e das formas dos lanches para atrair a atenção.

Rotavírus - Como prevenir.

Rotavírus. O que é e como cuidar?
Todo mundo sempre ouve falar de Rotavírus. Mas será que os papais sabem o que é essa doença e como fazer para cuidar de seus filhotes caso fiquem doentes?
É simples: o Rotavírus é um vírus, com aspecto de roda, que vem sendo o principal agente causador de diarréia em crianças menores de cinco anos em todo o mundo, especialmente em creches ou escolas.
Embora quase todas as crianças sejam infectadas nos primeiros anos de vida, é com crianças de até dois anos que ocorrem os casos mais graves. As crianças prematuras de baixo nível sócio-economico ou com deficiência imunológica são mais sujeitas a desenvolver um quadro mais grave da doença.
Mas nem mesmo os adultos estão livres de serem contraídos pelos agentes. Em qualquer faixa etária o homem pode ser contaminado, inclusive, mais de uma vez, devido à existência de mais de um sorotipo de Rotavírus. No entanto, a primeira vez é a mais grave e os pais devem tomar muito cuidado se seus filhos contraírem o vírus.
Esses vírus são eliminados em alta quantidade nas fezes de crianças infectadas e transmitidos pela via fecal-oral, por água ou alimentos, por contato com as pessoas, por objetos contaminados e principalmente pela via respiratória, ou seja, da mesma forma que um vírus de gripe. É por este motivo que sua incidência aumenta muito nos meses de inverno, juntamente com os casos de gripe. Porém, o Rotavírus, ao contrário dos outros vírus, permanece vivo por mais tempo no ambiente e é mais resistente, portanto sua proliferação é mais fácil.
A infecção por Rotavírus pode ser assintomática, ou seja, causar sintomas no doente, ou não. Em casos de infecção sintomática pode variar de um quadro leve, com diarréia líquida e duração limitada aos quadros graves com desidratação, febre, vômitos e cólicas. Pode ainda haver sintomas respiratórios, como obstrução nasal, coriza discreta, dor de garganta e tosse seca.
O vírus pode passar por quatro etapas. Na primeira, que corresponde à maioria dos casos, a criança é hidratada em casa sem maiores complicações. Depois, pode ser necessário fazer uma consulta ao médico e indicar a hidratação oral (sorinho). No terceiro estágio, a criança precisa passar por uma observação hospitalar no pronto-socorro por cerca de 12 horas. Só quando a virose atinge a última etapa é que a internação hospitalar se faz necessária.
A higiene é fundamental e, em casa, os pais podem tomar algumas providências para evitar a virose: lavar as mãos, pois a mão é um dos principais focos de contágio, controlar a qualidade da água e dos alimentos e destino adequado dos dejetos e do esgoto. Essas medidas são imprescindíveis para a prevenção de quaisquer surtos de diarréia. Um outro aspecto importante e fundamental nas crianças de até seis meses de idade, é quanto ao estímulo do aleitamento materno, que parece ter principal presença pelos níveis de anticorpos contra o Rotavírus, pois fornece à criança defesas contra vírus, bactérias ou protozoários causadores da diarreia.
Além de todas essas medidas, está disponível na rede pública a vacina para contra rotavírus que deve ser aplicada em crianças a partir dos dois meses de idade e a partir de então seguir o esquema de doses de reforços.
Rafaela Rosas

Asma e rinite

Asma e rinite: ô bichos chatos!
Não tem mãe que goste de ver o filho doente. Pelo menos nesse mundo acho que não existe. Nariz escorrendo, chiado no peito e falta de ar são sintomas comuns de crianças que sofrem com problemas respiratórios alérgicos, cujos principais vilões têm nomes: asma e rinite.
A rinite é uma inflamação da vias aéreas superiores, isto é, nariz e garganta, e a asma abrange as vias aéreas inferiores, como os brônquios. São inflamações que normalmente estão interligadas; a rinite alérgica é fator importante de desencadeamento da asma.
Pessoas que têm rinite alérgica apresentam três vezes mais riscos de desenvolver asma e cerca de 80% das pessoas que sofrem de asma também têm rinite. A asma é uma alergia respiratória freqüente na infância, sendo comum que a primeira crise apareça antes dos quatro anos de idade.
A asma pode surgir de várias maneiras. Pode ser a partir de uma reação alérgica, emocional, infecções, sinusite e até refluxo esofágico. Já a rinite tem quase sempre sua origem alérgica. Em crianças pequenas, as vias respiratórias são estreitas e delicadas, estando mais sensíveis aos agressores do ambiente.
Infelizmente, a asma e a rinite não têm cura, embora possam ser controladas e minimizadas a partir de tratamento adequado com base no uso de corticóides inalatórios (as famosas bombinhas), além do controle ambiental para evitar o contato das crianças com os agentes desencadeantes das alergias.
As alergias respiratórias acontecem quando o organismo da criança responde de modo exagerado aos estímulos externos, como poeira, ácaros, pêlos de animais, cheiros fortes, ar frio ou poluição. O sistema imunológico agride o próprio corpo, causando quadros inflamatórios.
Narizinho vermelho - Os sintomas da rinite são o nariz entupido (obstrução nasal) e escorrendo (coriza), podendo estar acompanhado de espirros, coceira no nariz e olhos e lacrimejamento. A asma tem como sintoma falta de ar, tosse, chiado no peito, cansaço e falta de apetite.
Essas inflamações aparecem mais em quedas acentuadas de temperatura e quando o ar está seco. Não à toa que no inverno as inflamações são mais freqüentes, sendo que esses fatores ajudam a abaixar a resistência do corpo. Ambientes fechados favorecem a concentração de agentes poluentes.
As alergias respiratórias aparecem geralmente na infância e as crianças que têm histórico familiar de alergia (pais ou pessoas com parentesco próximo) são mais propensas a desenvolver o problema.
Às vezes a rinite e a asma podem ser confundidas com gripe e bronquite respectivamente. A gripe é uma infecção que causa mal estar e febre e os sintomas passam mais rápido que os sintomas da rinite. Já o diagnóstico diferencial entre asma e bronquite é mais difícil.
O ideal é procurar um pediatra para que ele observe a história da criança (quando, como e com que freqüência ocorrem os sintomas). Certamente, o profissional solicitará exames de raio-X de tórax, hemograma e teste de sensibilidade para realizar o diagnóstico.
O tratamento na maioria das vezes é demorado, mas, se levado a sério, garante que as alergias não provoquem doenças mais sérias, entre elas a sinusite ou mesmo alterações crônicas do pulmão.
Dicas
O leite materno, pelo período de no mínimo seis meses, fortalece o sistema imunológico do bebê, prevenindo doenças respiratórias alérgicas.
Ao limpar a casa, não varra, e sim passe pano úmido para não levantar poeira. Carpetes e cortinas são as “residências dos sonhos” dos ácaros. Substitua o carpete por piso de madeira, por exemplo. Já a cortina pode até continuar decorando a casa, desde que esteja sempre limpa.
Retire os bichos de pelúcia do quarto das crianças que acumulam poeira e ácaros, desencadeando alergias. Colchões devem ser virados a cada 15 dias para que não acumule ácaros. As pás dos ventiladores de teto também juntam bastante poeira (parte de cima), já que ficam paradas no inverno. Um paninho úmido já resolve.
Bruno Rodrigues
Fonte: Guiadobebe.uol.com.br

Contar histórias colabora no desenvolvimento linguístico da criança

Acredite ou não, mas ler fábulas e histórias para crianças, principalmente antes delas dormirem, é a melhor maneira de colaborar para que o seu desenvolvimento linguístico seja beneficiado de maneira mais rápida e produtiva.

Bebê com livro na mão e papai dormindo na cama - Foto: BlueOrange Studio / ShutterStockIsto é o que mostra um estudo feito pelo pediatra Barry Zuckerman, da Boston University School of Medicine, publicado no Arquivos de Doenças Infantis (Archives of Disease in Childhood). Segundo a pesquisa, ler em voz alta para crianças com a partir dos dois anos de idade, aumenta o desenvolvimento da linguagem e fornece bagagem linguística beneficiando os anos escolares seguintes.  Além de ser um forte meio de troca emotiva.
Isto explica-se pelo fato do ser humano aprender a falar através da imitação dos sons. Neste caso, quando a mamãe ou papai lê uma história para seu filho, ele assimila os sons das palavras e, por serem palavras diferentes daquelas normalmente utilizadas pelos adultos, a criança aumenta a quantidade de combinações linguísticas na mente.
Histórias na educação infantil são bases fundamentais para a formação educacional, em especial no início da escolaridade. Mas para isso, deve ocorrer um planejamento, afinal, é um momento importante em que a criança vivenciará e absorverá coisas que identificam-se com ela.
Algumas ações por parte dos pais, e até mesmo professores, são bem importante para auxiliar este novo desenvolvimento: contar histórias diariamente, que podem ser repetidas dependendo do interesse da criança; procurar livros com poucos textos, linguagens simples, maior número de ilustrações (grandes e sugestivas); buscar histórias que ajudem a resolver um problema, por exemplo, se o filho recusa comer verduras, selecione um tema voltado para a importância dos alimentos de uma forma que a criança se identifique com o assunto. Não esquecer de, ao contar histórias, planejar o momento, inserindo aspectos fundamentais como local e buscar ambientes diferenciados para narrar a história; a posição da criança deve ser confortável; é fundamental que conheça a história para que você conte com suas próprias palavras com uma linguagem simples e tom moderado. E por fim, deixar fluir a motivação no momento que estiver contanto a história para despertar a curiosidade de seu filho.
Se ele ficar disperso, faça-o participar da historinha e questione para que ele possa interagir com você.
Paula Ramos F. Dabus


A criança e a televisão

Bebê assistindo televisão e segurando bicho de pelúcia - Vasaleks / ShutterstockÉ comum os pais ou cuidadores deixarem para a TV o papel de babá, mas isso com certeza não é o papel da televisão, mesmo em programas infantis.


Muitos profissionais que lidam com criança muito nova concordam que não se deve propiciar-lhe o acesso à televisão antes dos dois anos.
Um dos motivos principais é que nessa idade ela está em pleno desenvolvimento da fala e da coordenação motora e, ficar parada, assistindo televisão, não favorece estes processos. Outro motivo também relevante é que por falta de amadurecimento, vivência e vocabulário, não consegue assimilar o conteúdo do programa, o que só se dará mais tarde, por volta dos três anos em diante. Nesta idade, praticamente adquire a compreensão das palavras cinco vezes mais do que consegue pronunciá-las.
E mesmo a partir desta idade, a televisão deveria ser controlada, inclusive com limite de tempo por dia: uma a duas horas, no máximo. Há muito a se fazer para ampliar suas habilidades motoras.
Leituras de livros infantis incentiva a criatividade e curiosidade, aumenta consideravelmente o vocabulário infantil e as brincadeiras com ou sem brinquedos com adultos e outras crianças, são alternativas mais saudáveis. Este típo de interação com os pais se leva com muito carinho para a vida toda. São momentos muito íntimos e que fortalecem o amor e o respeito entre eles.
Muitas famílias ainda usam a televisão como se fosse uma babá eletrônica, como um meio de descanso delas ou para poderem se ocupar de seus afazeres, sem interrupção e a criança fica horas assistindo, sem ninguém para orientá-la. Outras, ainda, valem-se do aparelho para alimentar seu filho, para que ele não perceba que está comendo algo que rejeitou anteriormente ou sequer saber o que está ingerindo.
Há crianças que foram acostumadas com a televisão e não conseguem ficar sem uma disponível e ligada. Tornam-se inquietas e visivelmente irritadas. Ao se ligar o aparelho, ficam tão obcecadas pela imagem, pelo colorido, que mesmo não entendendo direito o que se passa, nem se mexem ou piscam. Se alguém falar com elas, simplesmente não desviam a atenção do que estão vendo. São crianças cuja fala é mais atrasada para sua idade, embora recuperem-na mais tarde, alcançando as demais.
É preciso que os pais e ou responsáveis tenham equilíbrio e responsabilidade ao limitar o tempo de exposição à televisão. Devem entender que ela não é a grande vilã na formação dos pequenos. É uma coadjuvante que influencia o desenvolvimento intelectual, social e da personalidade da criança e é por este motivo que o programa escolhido por ela deve ser do conhecimento e consentimento dos pais, por ser adequado e próprio para a idade dela e não apenas porque é seu desejo ou porque os amiguinhos assistem.
Para isto, é profundamente aconselhável que a criança nunca assista televisão sem o acompanhamento dos pais ou de um adulto responsável, para que possam interagir com ela, fazendo-lhe perguntas sobre o entendimento do programa e poderem esclarecer o que não foi compreendido. Através desta abordagem, podem ser reforçados os valores familiares, morais e sociais, o respeito à diversidade, aos animais, à natureza, enfim.
É incrível perceber com que rapidez se desenvolveram os recursos internos da criança ao atingir os três anos de idade. O aumento do vocabulário e a evolução do processo de compreensão das palavras, fazem com que se sinta mais segura e desenvolta por se fazer entender por todos.

Menos televisão para crianças

Para a Academia Americana de Pediatria assistir à televisão traz mais efeitos negativos do que positivos para crianças de até 2 anos de idade.

Bebê segurando controle remoto enquanto assiste televisãoA televisão faz parte do dia a dia de adulto e crianças. Você acaba passando mais tempo perto da TV do que dos próprios pais, irmãos ou amigos. Por entreter e oferecer programação aos pequenos, a televisão acaba sendo uma companheira diária das crianças. E isso não é tão legal.

Uma nova declaração de política da Academia Americana de Pediatria (APP) reforça o discurso de que existem melhores atitudes de ajudar as crianças a aprender nessa idade tão crítica ao desenvolvimento neuropsicomotor. A AAP é uma organização de 60.000 pediatras comprometidos com a saúde física, mental e social e bem-estar para todos os bebês, crianças, adolescentes e jovens adultos.
Em uma pesquisa recente, 90% dos pais disseram que suas crianças menores de 2 anos assistem algum tipo de mídia eletrônica. Em média, as crianças desta idade assistem programas televisivos de 1 a 2 horas por dia. Aos 3 anos, quase um terço das crianças têm uma televisão no seu quarto. Os pais que acreditam que a televisão educativa é "muito importante para o desenvolvimento saudável" têm duas vezes mais chances de manter a televisão ligada por mais tempo.
Em 1999, a AAP já recomendava que crianças menores de dois anos não passassem muito tempo em frente à televisão. A revista Pediatrics também alerta sobre a relação televisão e crianças pequenas.
Segundo os membros da AAP, hoje se conhece ainda mais o desenvolvimento do cérebro das crianças menores de 2 anos e que a televisão tem efeitos mais negativos do que positivos.
Além disso, famílias que passam muito tempo assistindo televisão oferecem menos atenção a seus filhos e, consequentemente, menos estímulo. Pode haver um atraso de desenvolvimento de linguagem e de habilidades de raciocínio e motor.
A AAP recomenda que os pais brinquem junto com os seus filhos (com a televisão desligada, pois se ligada tira a atenção total da criança), desenvolvendo a criatividade, linguagem e cognição.
Conselho - Evite colocar uma televisão no quarto dos pequenos. Isso prejudica o sono, comprometendo comportamento, humor e aprendizagem.
Se os pais estão ocupados e não podem brincar junto com os seus filhos, em vez de colocá-los na frente da televisão, dê um jogo ou brinquedos que estimulará muito mais que um programa de TV, por mais educativo que seja.
Deixando pesquisas de lado, pense que a criança terá muito tempo da vida assistindo TV na fase adulta. Usar a mídia logo nos primeiros anos de vida da criança parece uma forma muito acomodada de querer “cuidar” bem dela.
Que fiquei claro que não é porque a criança começou a ver TV cedo que ela terá algum atraso no desenvolvimento motor. Mas existem outras maneiras mais interessantes a serem seguidas.
Aproveite a fase pequena de seu filho para brincar no parque, na piscina. Faça seu filho sujar a mão na areia, brincar de castelo, se divertir na água, se aventurar na bicicleta ainda com rodinhas e ter contato com a vida lá fora. Afinal, a TV ele conhecerá anos depois mesmo.
Bruno Rodrigues
FONTE: guiadobebe.uol.com.br

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